Na longa fila de fãs atrás de um autógrafo do campeão mundial de surfe Adriano de Souza, em São Paulo, um grupo de crianças chamava a atenção. Não só pela algazarra na livraria Saraiva numa noite de sexta-feira, mas pelas caras de extrema felicidade quando chegaram perto de Mineirinho. Alguns tinham o livro Como se tornar um campeão nas mãos e estavam à espera de uma dedicatória. Outros, sem dinheiro para comprar um exemplar, só queriam mesmo falar com o ídolo e pegar o autógrafo na camiseta que vestiam. A turma animada faz parte de uma escolinha de surfe para crianças carentes no Guarujá, terra natal do campeão, que ele faz questão de apoiar.
Adriano é mais do que um ídolo para essa garotada. Virou exemplo. O sonho da maioria é sair do mesmo patamar de pobreza de onde ele saiu e chegar ao topo do mundo. Se for em cima de uma prancha, melhor. Os meninos e as meninas, todos muito educados e alegres, são o que Adriano chama de gente da sua espécie: crianças pobres, sem perspectiva, que precisam de uma oportunidade para mudar o destino. Assim como ele se agarrou à prancha que ganhou aos oito anos do irmão para transformar sua vida, Adriano quer estimular a garotada a fazer o mesmo. Para isso, deseja criar uma fundação para ensinar aos meninos tudo o que aprendeu. Em suas palavras:
— Quero dizer: “Vamos lá, mano, não se espante com o que vier pela frente. Faz o teu, batalha.” Não tive esse estímulo. Eles serão uma evolução da minha espécie.
A garotada viu de perto o quanto vale se esforçar para vencer. Alguns meninos da escolinha do Guarujá foram até Saquarema, onde estava sendo realizada a etapa brasileira do Circuito Mundial, e assistiram, na quarta-feira, à final emocionante entre Adriano e o australiano Adrian Buchan. Estavam lá, eufóricos, na areia lotada de fãs, que torciam ruidosamente por Adriano.
O brasileiro venceu a etapa, levando o público à loucura. No seu 12ᵒ ano na elite do esporte, Adriano parece estar com a mesma garra que o levou ao título mundial em 2015. Não à toa, foi ovacionado em Saquarema aos gritos de “o campeão voltou”.
Eu ganhei um de presente, achei sensacional, parabéns
muito bom este artigo