Midrusa, o artista alagoano responsável pelas ilustrações exclusivas da edição brasileira, bateu um papo sobre como foi participar do projeto
Feche os olhos e imagine um lugar totalmente isolado, no meio de um vale. As árvores são esquálidas, praticamente mortas, e nada do que se tenta plantar vinga. No meio do terreno existe uma casa de três andares com paredes de pedras grandes. As lendas dizem que o lugar é assombrado. Conseguiu visualizar?
É para esse ambiente estéril e macabro que Terra faminta transporta seus leitores em uma narrativa completamente inquietante. No novo livro de Andrew Michael Hurley, autor do premiado Loney, as descrições são capazes de evocar o verdadeiro horror. Somadas a ilustrações impactantes em uma edição em capa dura, com fitilho e pintura trilateral preta, a experiência literária fica ainda mais assustadora.
Para contar mais dos bastidores desse projeto tão especial, entrevistamos o artista alagoano Midrusa, responsável pelas ilustrações da edição brasileira. Ele compartilhou um pouco da sua trajetória profissional, quais foram as inspirações por trás das artes exclusivas da edição e revelou que até perdeu o sono após ler essa história. Confira:
Intrínseca: Como você começou a ilustrar?
Midrusa: Sou artista autodidata, desenho desde pequeno e sempre tive muito incentivo da minha família. Ainda assim, por causa de inseguranças, só fui me afirmar artista e colocar meu trabalho no mundo em 2020. Hoje não consigo me ver fazendo outra coisa.
I:Você tem alguma curiosidade sobre a produção de Terra faminta para compartilhar com os leitores?
M: Apesar de dizer que gosto do gênero, eu sou bem medroso. Na noite que terminei de ler o livro, perdi o sono, e nos dias seguintes fiquei pensando na história. Acredito que isso tenha sido muito importante para eu saber o que e como ilustrar.
I: Quais foram as suas referências para ilustrar Terra faminta?
M: As minhas referências visuais foram as artes de Ivan Solyaev e So Pinenut. Esses artistas brincam com a tensão, especialmente Ivan Solyaev, que traz também o grotesco e seres fantásticos nas suas obras. Além desses, a própria técnica de xilogravura, que é mencionada na história do livro e também foi uma das inspirações para construção desse “meu” traço.
I: Quais foram os desafios enfrentados no projeto?
M: O maior desafio foi conseguir passar para as ilustrações o que senti durante a leitura . Apesar de gostar do gênero, nunca tinha trabalhado com algo que envolvesse suspense, mistério e terror antes. Foi desafiador, mas fiquei bastante animado para trabalhar com uma temática nova.
I: Qual é a sua ilustração/detalhe favorito no livro?
M: Gosto de todas as ilustrações, mas acho que as minhas favoritas são a do carvalho e a do Ewan. A do carvalho é muito trabalhada, acho que nunca fiz um desenho tão detalhado.Gosto da ilustração do Ewan porque amo fazer retratos. Usar iluminação para criar a expressão do rosto e do olhar foi muito gostoso. Esse momento também é um dos meus favoritos do livro. Toda a tensão, o suspense, foi de arrepiar.
I: Que dicas daria para quem quer seguir a carreira?
M: Se valorize e valorize o seu trabalho. Só você sabe o que é a sua arte e quanto ela vale. Trabalhar com arte não é um mar de rosas, os desafios são inúmeros, mas acho que a chave é entender que o seu trabalho tem importância, tanto para você quanto para as pessoas que te procuram e acompanham.
Você pode seguir o trabalho do Midrusa no Instagram e no Behance.
Terra faminta acompanha a história de Juliette e Richard, um casal cujo filho de cinco anos morre inesperadamente após cometer uma série de atos de violência inexplicáveis. O casal mora em Starve Acre, uma propriedade isolada e estéril, rodeada de lendas horripilantes. Disponível nas livrarias e lojas virtuais.
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